A 17ª rodada da pesquisa Genial/Quaest de avaliação do governo Lula mostra estabilidade em relação à pesquisa anterior, de agosto. A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é desaprovada por 51% e aprovada por 46%, os mesmos índices do mês passado.
Veja a pesquisa completa aqui.
A percepção da queda na inflação dos alimentos, decisiva para o resultado positivo da sondagem anterior, não se repetiu. O tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, é reprovado pela maioria, mas não teve influência nos resultados da pesquisa.
A avaliação geral do governo também mostrou estabilidade. É negativa para 38% (39% em agosto) e positiva para 31% (mesmo resultado do mês anterior). A estabilidade repete-se em todas as regiões e recortes sociodemográficos – gênero, idade, renda, escolaridade, religião.
Para o fundador e CEO da Quaest, Felipe Nunes, o tema do tarifaço não se esgotou. O que se observa é estabilidade na aprovação, em um cenário no qual a percepção sobre a inflação dos alimentos parou de melhorar.
“Embora a maioria continue avaliando negativamente o tarifaço – o que ajuda o presidente Lula no debate – esse efeito foi neutralizado por outros temas domésticos e não gerou ganho extra nas pesquisas. O efeito do tarifaço no Brasil tem semelhança com o que aconteceu no México, onde a alta das tarifas impulsionou a popularidade da presidente Claudia Sheinbaum, que subiu 4 pontos percentuais e voltou ao mesmo patamar dois meses depois.”
A pesquisa mostra que, para 50% o atual governo está pior que o esperado (45% em agosto), enquanto 27% dizem que está igual (contra 36%) e 21% melhor
(16%). Para 58% o Brasil está indo na direção errada, com ligeira oscilação em relação a agosto.
Economia: Na percepção sobre economia, o destaque é o aumento de 34% para 41% dos que consideram que está mais fácil conseguir emprego hoje do que há um ano, enquanto recuou de 55% para 49% os que tem opinião contrária. A visão sobre o preço dos alimentos e o poder de compra da família permaneceu estável. Para os
próximos 12 meses, a expectativa de melhora no poder de compra ultrapassou por três pontos percentuais a de piora: 40% x 37%.
Tarifaço e Donald Trump: A pesquisa mostra estabilidade na avaliação de que Trump está errado ao impor taxas alegando que existe perseguição a Bolsonaro no Brasil. Essa é a opinião de 73%, com oscilação positiva de 2 pontos percentuais sobre agosto. A variação foi mais acentuada entre os que não têm posicionamento político (de 80% em agosto para 85% agora) e na direita não-bolsonarista (de 48% para 53%).
Para 74% a maior taxação de produtos brasileiros vai prejudicar sua vida, e para 49% Lula e o PT estão fazendo o que é mais certo nesse embate, contra 27% que dão razão a Bolsonaro e seus aliados.
Programas sociais: Os principais programas sociais do governo continuam conhecidos e aprovados pela maioria. Minha Casa Minha Vida (89%) encabeça a lista, seguido por Farmácia Popular (88%) e Bolsa Família (80%). O levantamento mostra que desde março aumentou de 51% para 65% o percentual dos que consideram esses programas direitos que não podem ser retirados.
Tentativa de golpe de estado e julgamento
Esta é a primeira pesquisa na qual todas as entrevistas foram feitas depois do julgamento dos acusados de tentativa de golpe de estado pelo Supremo Tribunal Federal. Os pesquisadores foram a campo na sexta-feira, 12 de agosto, e encerraram o trabalho no domingo, dia 14. Foram 2004 entrevistas presenciais com brasileiros de 16 anos ou mais, em todas as regiões. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
Para 55% dos entrevistados, houve tentativa de golpe, e 54% acreditam que o ex-presidente Jair Bolsonaro teve participação no plano. Esse índice vem subindo gradativamente desde dezembro de 2024. Na comparação com agosto, cresceu de 36% para 42% a opinião de que o indiciamento de Bolsonaro foi imparcial, e recuou de 52% para 47% a percepção de que houve perseguição.
Alexandre de Moraes: Em linha com esses resultados, a maioria (52%) é contra o impeachment do ministro Alexandre de Moraes – em agosto, 43% tinham essa opinião. Os favoráveis ao impeachment são 36% na pesquisa atual, contra 46% em agosto. Entre os que dizem não ter posicionamento aconteceu a maior mudança: os que são contra o impeachment passaram de 44% para 56% e os que se posicionam a favor recuaram de 40% para 27%.
Para 41%, o ministro está agindo corretamente, para 36% ele está exagerando e deveria ser alvo de impeachment, enquanto 11% são contra essa ideia, ainda que considerem haver exagero nas posições defendidas por Moraes.
Dosimetria: Para 49%, a condenação de Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão é uma pena exagerada, contra 35% que a julgam adequada e 12% que a consideram insuficiente. As demais medidas são consideradas adequadas: uso de tornozeleira eletrônica por 48%, inelegibilidade por 47% e prisão domiciliar por descumprimento de decisões do STF por 51% dos entrevistados.
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